segunda-feira, 20 de abril de 2015

A DOR NUMA VISÃO DIFERENTE

A DOR NUMA VISÃO DIFERENTE Adésio Alves Machado
Crer que pode fugir da dor, libertar-se da dor, es quecer-se da dor é uma manifestação atavicamente entendida na vida da gran de maioria da humanidade. Porque, também, é uma atitude por demais simplista, acomoda tícia que não oferece solução ao magno problema que assinala o ser humano Orando, preceituam muitas das religiões vigentes n o Cristianismo, encontrar-se- iam a liberação das águas tempestuosas do sofriment o. Na prece seria encontrada a liberação pura e simples da tumultuosa dor, como se a Providência Divina exercesse o papel de acumular solicitações para de imediato ate ndê-las indiscriminadamente, longe de analisar a questão profunda do mérito e do demér ito. Há, ainda, os vinculados às correntes materialista s ou científicas, cujo caráter se acha entorpecido pela descrença na vida imortal, e assim, julgam-se capacitados a anular o passado culposo e suficientemente fortes para lib ertar os infratores, dispensando-lhes de responder pelos delitos contra a Perfeita Lei. Por esses o prazer é buscado avidamente, sem que, no entanto, logrem atender a sede do gozo, fugindo, então, para os escorregadios labirintos das drogas enlouquecedoras, procurando, através delas, a exalt ação da felicidade a que se julgam merecedores usufruir. Contudo, a dor continua imperturbável, ela que é a servidora da alma, sacudindo e despertando as mentes, no afã de realizar aquilo qu e é divino - a manutenção do equilíbrio da Lei. Emerge ela aqui e ali, com mil aparências, mas sem pre mostrada numa identidade que muitos poucos ousam escutá-la e procuram entend ê-la. Para encará-la surgiu em épocas remotas o estoicis mo, tendo como ponto básico de apoio o desprezo pelos bens terrenos, o qual, al iado ao culto das virtudes promoveria o equilíbrio do homem, valorizando-o e potencializa ndo-o para vencer a dor, pois desta forma, poderia enfrentá-la com nobreza e fé. Sócrates foi um exemplo de estoicismo, quando enca rcerado após vil julgamento, preconizava, mesmo da prisão, o cultivo da moral e da virtude como únicos meios para se transpor o acúleo da dor. O pobrezinho de Assis, Francisco, experimentou zom baria, humilhações mil, porém manteve a força pulsante do amor em seus atos e palavras exercitando as virtudes cristãs, nunca deixando de bendizer a dor. As Vozes encarceraram Joana D’Arc, e ela, estimula da pelos Veneráveis amigos espirituais, que nunca deixaram de conduzi-la pacie ntemente, suportou a dor do cárcere, o opróbrio e após infamante julgamento, foi mais um a a morrer queimada, mas chamando por JESUS, crendo nEle, com isso superando a dor. Afirma soberana Joanna de Ângelis que a dor é moed a de resgate, exercício para fixação do bem e alta concessão divina. Vivesse o homem ausente da dor ignoraria a paz, nã o levaria em consideração a necessidade da alegria e maldiria a saúde, perdendo , desta maneira, a inestimável oportunidade de exercitar lições para que o bem fiz esse morada definitiva em sua tela mental. Estejamos onde estivermos, na cadeira de rodas; no s tormentos morais; nas limitações dos objetivos; nas sombrias convivências familiares, sociais e trabalhistas; diante da dor no corpo, na mente e na alma, onde qu eime a brasa da dor, esforcemo-nos por agradecer a DEUS o ensejo de reaprender e repar ar. Não deixemos nunca de considerar que, enquanto a d or nos queima, milhares, milhões de irmãos em humanidade lançam-se desabrida mente pelos estreitos caminhos da irresponsabilidade, conduzidos pela loucura do g ozo insaciável. Acalmemo-nos, mesmo que a dor esteja nos vergastando. O Amigo Incondicional de todas as horas, JESUS, el egeu a dor como a companheira de seus dias terrenais e aproveitou, at ravés dela a nos deixar um precioso ensino, sem nunca recorrer ao verbalismo nem à retó rica, mostrando que se pode ser feliz em todos os instantes, sem nunca deixar de ex altar o amor e a bondade como roteiro de iluminação. Amesquinhado, com o céu particular carregado de nu vens sombrias, carregando preocupações, diante de angústias ultrizes levantem os a cabeça e tornemos nossas mãos em asas de amor e paz e com elas, através do t rabalho no bem, louvemos ao Senhor da Vida, para que, assim, um dia alcemos vôo às Regiões da libertação plena após resgatarmos as nossas dívidas na contabilidade divina. Recebamos, pois, a dor com alegria, com amor e nun ca descoraçoemos nem entremos em desvario. Apoio Joanna de Ângelis - livro “Dimensões da Verda de”, psicografia de Divaldo Pereira Franco.
O Suicida do Trem Autor: Adenáuer Novaes
Eu nunca me esquecerei que um dia havia lido num jo rnal acerca de um suicídio terrível, que me impactou: um homem jog ou-se sobre a linha férrea, sob os vagões da locomotiva e foi tri turado. E o jornal, com todo o estardalhaço, contava a tragédia, dizend o que aquele era um pai de dez filhos, um operário modesto. Aquilo me impressionou tanto que resolvi orar por e sse homem. Tenho uma cadernetinha para anotar nomes de pessoas necessitadas. Eu vou orando por elas e, de vez em q uando, digo: se este aqui já evoluiu, vou dar o seu lugar para outr o; não posso fazer mais. Assim, coloquei-lhe o nome na minha caderneta de pr eces especiais - as preces que faço pela madrugada. Da minha janela eu vejo uma estrela e acompanho o seu ciclo; então, fico orando , olhando para ela, conversando. Somos muito amigos, já faz muitos anos. Ela é paciente, sempre aparece no mesmo lugar e desaparec e no outro. Comecei a orar por esse homem desconhecido. Fazia a minha prece, intercedia, dava uma de advogado, e dizia: Meu Jesu s, quem s e mata (como dizia minha mãe) "não está com o juízo no lug ar". Vai ver que ele nem quis se matar; foram as circunstâncias. Ora va e pedia, dedicando-lhe mais de cinco minutos (e eu tenho uma fila bem grande), mas esse era especial. Passaram-se quase quinze anos e eu orando por ele d iariamente, onde quer que estivesse. Um dia, eu tive um problema que me fez sofrer muito . Nessa noite cheguei à janela para conversar com a minha estrela e não pude orar. Não estava em condições de interceder pelos o utros. Encontrava-me com uma grande vontade de chorar; mas , sou muito difícil de fazê-lo por fora, aprendi a chorar por d entro. Fico aflito, experimento a dor, e as lágrimas não saem. (Eu tenh o uma grande inveja de quem chora aquelas lágrimas enormes, volu mosas, que não consigo verter). Daí a pouco a emoção foi-me tomando e, quando me de i conta, chorava. Nesse ínterim, entrou um Espírito e me per guntou: - Por que você está chorando? - Ah! Meu irmão - respondi - hoje estou com muita v ontade de chorar, porque sofro um problema grave e, como não tenho a quem me queixar, porquanto eu vivo para consolar os outr os, não lhes posso contar os meus sofrimentos. Além do mais, não tenho esse direito; aprendi a não reclamar e não me estou quei xando. O Espírito retrucou: - Divaldo, e seu eu lhe pedir para que você não cho re, o que é que você fará? - Hoje nem me peça. Porque é o único dia que eu con segui fazê-lo. Deixe-me chorar! - Não faça isto - pediu. - Se você chorar eu também chorarei muito. - Mas por que você vai chorar? - perguntei-lhe. - Porque eu gosto muito de você. Eu amo muito a voc ê e amo por amor. Como é natural, fiquei muito contente com o que ele me dizia. - Você me inspira muita ternura - prosseguiu - e o amo por gratidão. Há muitos anos eu me joguei embaixo das rodas de um trem. E não há como definir a sensação da eterna tragédia. Eu o uvia o trem apitar, via-o crescer ao meu encontro e sentia-lhe as rodas me triturando, sem terminar nunca e sem nunca morrer. Quando acabava de passar, quando eu ia respirar, escutava o apito e começava tudo outra vez, eternamente. Até que um di a escutei alguém chamar pelo meu nome. Fê- lo com tanto amor, que aquilo me aliviou por um segundo, pois o sofrimento logo volt ou. Mais tarde, novamente, ouvi alguém chamar por mim. Passei a ter interregnos em que alguém me chamava, eu conseguia respirar, pa ra agüentar aquele morrer que nunca morria e não sei lhe dizer o tempo que passou. Transcorreu muito tempo mesmo, até o moment o em que deixei de ouvir o apito do trem, para escutar a pes soa que me chamava. Dei-me conta, então, que a morte não me ma tara e que alguém pedia a Deus por mim. Lembrei-me de Deus, de minha mãe, que já havia morrido. Comecei a refletir que eu não tinha o direito de ter feito aquilo, passei a ouvir alguém dizendo: "E le não fez por mal. Ele não quis matar-se." Até que um dia esta força f oi tão grande que me atraiu; aí eu vi você nesta janela, chamando por mim. - Eu perguntei - continuou o Espírito - quem é? Que m está pedindo a Deus por mim, com tanto carinho, com tanta misericó rdia? Mamãe surgiu e esclareceu-me: - É uma alma que ora pelos desgraçados. - Comovi-me, chorei muito e a partir daí passei a v ir aqui, sempre que você me chamava pelo nome. (Note que eu nunca o vira, face às diferenças vibra tórias.) - Quando adquiri a consciência total - prosseguiu e le - já se haviam passado mais de catorze anos. Lembrei-me de minha f amília e fui à minha casa. Encontrei a esposa blasfemando, injuria ndo-me: "- Aquele desgraçado desertou, reduzindo- nos à mais terrível miséria. A minha filha é hoje uma perdida, porque não teve com ida e nem paz e foi-se vender para tê-los. Meu filho é um bandido, porque teve um pai egoísta, que se matou para não enfrentar a resp onsabilidade. Deixando-nos, ele nos reduziu a esse estado." - Senti-lhe o ódio terrível. Depois, fui atraído à minha filha, num destes lugares miseráveis, onde ela estava exposta como mercadoria. Fui visitar meu filho na cadeia. - Divaldo - falou-me emocionado - aí eu comecei a s omar às "dores físicas" a dor moral, dos danos que o meu suicídio trouxe. Porque o suicida não responde só pelo gesto, pelo ato da aut odestruição, mas, também, por toda uma onda de efeitos que decorrem d o seu ato insensato, sendo tudo isto lançado a seu débito na lei de responsabilidades. Além de você, mais ninguém orava , ninguém tinha dó de mim, só você, um estranho. Então hoje, que vo cê está sofrendo, eu lhe venho pedir: em nome de todos nós, os infelizes, não sofra! Porque se você entristecer, o que será d e nós, os que somos permanentemente tristes? Se você agora chora, que será de nós, que estamos aprendendo a sorrir com a sua aleg ria? Você não tem o direito de sofrer, pelo menos por nós, e por amor a nós, não sofra mais. Aproximou-se, me deu um abraço, encostou a cabeça n o meu ombro e chorou demoradamente. Doridamente, ele chorou. Igualmente emocionado, falei-lhe: - Perdoe-me, mas eu não esperava comovê-lo. - São lágrimas de felicidade. Pela primeira vez, eu sou feliz, porque agora eu me posso reab ilitar. Estou aprendendo a consolar alguém. E a primeira pessoa a quem eu consolo é você. Mensagens Cristãs / Divaldo Franco

terça-feira, 14 de abril de 2015

DESMISTIFICANDO O FENÔMENO DA MORTE

DESMISTIFICANDO O FENÔMENO DA MORTE
Segundo Kardec, na partilha da felicidade, a que todos aspiram, não podem estar confundidos os bons e os maus A inevitabilidade do fenômeno da morte é um assunto que incomoda e assusta boa parte da população do planeta. Até mesmo entre nós espíritas o tema causa – para usar um eufemismo – certo desconforto em muitos. O senso comum sugere que a esmagadora maioria das pessoas – isto é, Espíritos encarnados - não se prepara devidamente para enfrentar esse momento. Não há como deter indefinidamente esse processo, não obstante os cada vez mais expressivos avanços da ciência, medicina e estética que têm ajudado na prolongação da existência humana com efeitos benéficos na qualidade de vida em geral. Nesse sentido, cabe ressaltar o significativo aumento na expectativa de vida dos brasileiros, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Relatórios dessa instituição revelam, aliás, que, em 1940, se vivia em média apenas 45 anos no país. Já para o corrente ano a previsão saltou para 73,7 anos e, para o fim do século, estima-se que viveremos em torno de 84,3 anos 2. Em resumo, todos temos um tempo pré-determinado para cumprir a nossa missão aqui na Terra, embora não saibamos de quanto é. No entanto, como bem pondera o Espírito Irmão José: “A essência sobrevive. Morre a semente e nasce a flor, perece a flor e vem o fruto, que encerra, em si, a própria imortalidade”.3 O Mestre apareceu aos seus discípulos amados em várias ocasiões Ademais, assevera também o mentor que “Nada desaparece na economia do Universo”. 4 Port anto, o fundamental é sabermos que viveremos, enfim, para sempre. A nossa individualidade prevalecerá mesmo que em contextos ou dimensões diferentes. Aos que ainda acalentam dúvidas – apesar das inúmeras evidências científicas - vale recordar, por exemplo, a gloriosa visão do Tabor – testemunhada, aliás, pelos apóstolos Pedro, Tiago e João - relatada no Evangelho: “E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele” (Mateus, 17: 2-3). É importante salientar que naquele episódio descrito pelo apóstolo, Jesus dialogou com duas personagens que há muito haviam deixado o “mundo dos vivos”. Explicando melhor, Moisés vivera entre 1592-1474 a.C. e Elias entre 874-852 a.C. Portanto, o recado da imortalidade do Espírito foi absolutamente claro. O episódio foi tão marcante – constituindo, sem dúvida alguma, uma das maiores manifestações mediúnicas de que se tem notícia - que Pedro, embevecido, “... tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias. E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o” (Mateus, 17:4-5). Além disso, o capítulo 20 do Evangelho de João é todo dedicado à ressurreição do Mestre. No versículo 17, por exemplo, lemos um diálogo singular entre Jesus e Maria Madalena. Coube a ela, aliás, provavelmente como um prêmio ao seu esforço ingente de autoiluminação, a honra de ser a primeira pessoa a ver Jesus após a sua morte, ou seja: “Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e diga-lhes que eu subo para meu Pai e teu Pai, meu Deus e teu Deus”. O Mestre apareceu posteriormente aos seus discípulos amados em várias ocasiões. Chegou até mesmo a convidar Tomé, em uma delas, a tocar-lhe as mãos já que este era dado ao ceticismo. Talvez na mais marcante de todas as suas aparições pós-morte, ele surgiu aos chamados 500 da Galileia, conforme descreveu o Espírito Humberto de Campos na tocante obra Boa Nova. A noção de purgatório não faz parte das concepções islâmicas O Espírito Joanna de Ângelis, por sua vez, esclarece que o receio da morte decorre “... da ignorância a respeito da vida”. E acrescenta ainda que: “O medo da morte, de alguma forma, é atávico, procedente da caverna, quando o fenômeno biológico sucedia e o homem primitivo não o entendia, desconhecendo a razão da sua ocorrência”. 5 Por outro lado, as âncoras religiosas lançaram mais escuridão do que luz sobre o tema. Sem ter a pretensão de fazer um estudo comparativo sobre as várias correntes e, desde já reconhecendo o valor de cada uma, podemos recordar alguns aspectos centrais de algumas delas no tocante ao assunto sob apreço. Desse modo, as religiões cristãs – vale frisar - não aceitam a possibilidade de uma segunda chance ou reencarnação. Para elas, aliás, o inferno é para sempre e, depois do Juízo Final, as almas do céu e do purgatório irão ressuscitar. De maneira similar, o Islamismo também aceita que a morte leva à eternidade. Ou seja, a alma fica igualmente à espera do dia do Juízo Final em que será julgada pelo Criador. Em seguida poderá ir para o céu ou o inferno, dependendo do comportamento em vida. A noção de purgatório não faz parte das concepções islâmicas. No Judaísmo, os mortos são conduzidos para o Sheol, uma espécie de limbo, para aguardar o Juízo Final (como vemos, tal noção está presente em várias religiões populares). Para os judeus ortodoxos, no entanto, a esperada volta do Messias vai ressuscitar a todos. As religiões espiritualistas, por sua vez, proporcionam um nível de esclarecimento muito parcial sobre o tópico. Com efeito, no Hinduísmo acredita-se que a reencarnação ocorre imediatamente após a morte, o que não é correto. No Budismo, a seu turno, o ser desencarnado pode atingir a chamada Terra Pura – espaço de sabedoria iluminada. O tipo de reencarnação que se sucederá no futuro dependerá de cada um. Na visão budista, o indivíduo pode voltar em reinos celestiais, humanos ou animais. A ideia de um ser humano reencarnar no corpo de um cachorro (metempsicose), por exemplo, seria condenar alguém que já atingiu o reino hominal a um injustificável e incabível retrocesso, isto é, algo totalmente incompatível com as leis de evolução. No Espiritismo, por fim, a alma retorna ao mundo espiritual6 onde, conforme asseverou Jesus, “Na casa do meu Pai existem muitas moradas...” (João, 14: 2). A realidade da vida futura é fruto de nossos atos na vida presente Aliás, o Espírito André Luiz descobriu em suas investigações no plano espiritual que poucos encarnados conseguem cumprir exatamente o tempo previsto. De fato, ao longo da encarnação vamos geralmente fazendo muitas coisas inadequadas, bem como seguindo um estilo de vida que acaba “abreviando o nosso tempo”. Em casos mais extremos, cometemos o autocídio. Assim sendo, todos nós vamos desencarnar seja por motivo de doenças incuráveis, morte violenta, deficiência incorrigível de algum órgão, acidente inesperado (coletivo ou individual), negligência com a nossa própria saúde (toxicômanos e alcoólatras estão neste grupo), por desgaste absoluto da máquina orgânica ou suicídio. Desse modo, não devemos temer a morte propriamente dita, já que ela é inevitável, mas o que virá depois. Ou seja, sob quais condições retornaremos à pátria espiritual? Se pelas razões expostas não podemos interromper a morte, devemos nos preparar para a etapa seguinte. Muito apropriadamente, a questão nº 961 de O Livro dos Espíritos aborda essa problemática – ou seja: “Qual o sentimento que domina a maioria dos homens no momento da morte: a dúvida, o temor, ou a esperança? A dúvida, nos cépticos empedernidos; o temor, nos culpados; a esperança, nos homens de bem”. Na questão nº 962, Allan Kardec foi ainda mais incisivo, senão vejamos: “Como pode haver cépticos, uma vez que a alma traz ao homem o sentimento das coisas espirituais? Eles são em número muito menor do que se julga. Muitos se fazem de espíritos fortes, durante a vida, somente por orgulho. No momento da morte, porém, deixam de ser tão fanfarrões”. 7 Kardec concluiu que a realidade da vida futura é decorrente dos nossos atos na vida presente. Ele também argumentou com lucidez: “Dizem-nos a razão e a justiça que, na partilha da felicidade a que todos aspiram, não podem estar confundidos os bons e os maus. Não é possível que Deus queira que uns gozem, sem trabalho, de bens que outros só alcançam com esforço e perseverança”. 8 Ninguém conseguirá driblar a morte, por mais que o intente Portanto, nada mais sintonizado com a noção de realidade espiritual do que o pensamento de Paulo, segundo o qual Deus nos recompensará de acordo com as nossas obras. Nesse sentido, Jesus Cristo nos orientou de forma muito clara a não ajuntarmos “... tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam” (Mateus 6:19). Mas para ajuntarmos “... tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam” (Mateus 6:20). Portanto, temos que nos preocupar, fundamentalmente, com o que estamos construindo do lado de lá.A rigor, devem temer a vida futura os orgulhosos e autoritários já que “A soberba precede à ruína, e a altivez do espírito precede à queda” (Provérbios 16:18). Devem se preocupar com a realidade espiritual os mesquinhos e avarentos, os libidinosos e devassos, os perpetradores de excessos de toda ordem, os transgressores das leis e os malvados, os agentes da destruição e da vilania, os hipócritas e maledicentes, os inconsequentes, irresponsáveis e suicidas. Assim sendo, cabe recordarmos a triste condição que o Espírito André Luiz - a quem tanto devemos acerca dos altamente esclarecedores relatos da vida no além-túmulo – retornou à pátria espiritual. André, a propósito, padeceu oito anos no Umbral. Quando pôde ser atendido por um médico do além, o diagnóstico foi irrefutável, dado que o aparelho gástrico do infeliz companheiro havia sido destruído por causa de excessos na alimentação e na ingestão de bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância. A sífilis lhe havia consumido energias vitais. Lamentavelmente, a condição de André era a de um suicida inconsciente. 9 Por fim, nos esclarece Joanna de Ângelis que “Ninguém conseguirá driblar a morte, por mais que o intente”. 10 Mas podemos e devemos nos esforçar para voltarmos ao mundo maior em melhores condições.

A Boa Morte

A Boa Morte
A morte não existe... Bem verdade... mas tem um negócio aí, um fenômeno natural, uma tal de transição que merece toda a nossa atenção! Esse breve artigo procura tratar o que significa, em termos espíritas, nos prepararmos para uma boa morte. O fato de sermos espíritas não nos credencia a uma transição tranquila, mas sim o uso desse conhecimento libertador na promoção do homem de bem que necessita renascer em nós em cada reencarnação. Algumas igrejas católicas têm a sua denominação como “Nossa Senhora da Boa Morte” ou ainda “Nosso Senhor do Bom Fim”, resgatando a antiga preocupação do ser humano com morrer bem. Morrer bem, para a sabedoria popular, indica o morrer dormindo ou de forma imediata, rechaçando a morte lenta e com sofrimento. Na lógica espírita, de forma inversa, os ensinos dos espíritos nos dizem que o sofrimento traz a reflexão que auxilia o processo de desligamento. A mesma igreja católica do “Bom fim” tem como um de seus sacramentos Extrema Unção, ou Unção dos Enfermos, conferido a pessoas que estão em estado grave de doença, buscando aliviá-lo e prepará-lo para a transição. Os egípcios enchiam a tumba de riquezas e alimentos para atender ao morto do outro lado. No campo da medicina, atualmente, se discute a humanização do momento do desencarne, com cuidados paliativos a enfermos já sem possibilidades terapêuticas. Percebe-se que o fenômeno da morte é complexo e passar por ele com “sucesso” é oriundo de vários fatores, que ultrapassam aquele momento fatídico. Assim como planejamos a nossa reencarnação, com o auxílio dos amigos espirituais, a nossa vida como encarnados demanda um “Plano de morte”, o qual nos preparemos para esse momento, transcendendo as questões de herança, doações de órgãos, custas ou tipos de jazigo. Na doutrina espírita, a discussão do bom desenlace se apresenta na literatura mediúnica, como uma relação direta com a conduta na vida encarnada, com o desapego do espírito. Como dito no livro “Obreiros da vida eterna” (André Luiz pela pena de Chico Xavier), “Morrer é mais fácil do que nascer”, desmistificando o temor pela morte, mas revelando também, a mesma obra, que grande parte de nossos sofrimentos no desencarne são derivados da decepção pelos avanços não obtidos na encarnação. A morte, para nós espíritas, é um fenômeno natural, que não o desejamos, mas que o compreendemos, e apesar dessa compreensão, não estamos livres da perturbação natural da transição. Não temos credenciais de uma boa morte, dado que esta se vincula ao aspecto moral, como ilustrado no trecho da obra “Voltei” (Irmão Jacob na pena de Chico Xavier), que narra a volta de operoso trabalhador espírita: “Quantas vezes; julguei que morrer constituísse mera libertação, que a alma, ao se desvencilhar dos laços carnais, voejaria em plena atmosfera usando as faculdades volitivas! Entretanto, se é fácil alijar o veículo físico, é muito difícil abandonar a velha morada do mundo. Posso hoje dizer que os elos morais são muito mais fortes que os liames da carne e, se o homem não se preparou, convenientemente, para a renúncia aos hábitos antigos e comodidades dos sentidos corporais, demorar-se-á preso ao mesmo campo de luta em que a veste de carne se decompõe e desaparece. “ Seria ilusório acharmos que a boa morte seria um privilégio nosso, por termos o conhecimento espírita! A vinculação com a conduta terrena é límpida no processo de preparação para uma boa morte! Da mesma forma, a doutrina espírita aponta a inexistência de santificações no momento da partida e indica sim o fim de um ciclo reencarnatório, no qual continuamos sendo nós mesmos, apenas concluintes de uma etapa importante e se ajustando a uma nova realidade, a vida espiritual. Sobre essa questão, merece destaque também as palavras do espírito Emmanuel, na obra “O Consolador”, também psicografada por Chico Xavier: “A morte não prodigaliza estados miraculosos para a nossa consciência. Desencarnar é mudar de plano, como alguém que se transferisse de uma cidade para outra, aí no mundo, sem que o fato lhe altere as enfermidades ou as virtudes com a simples modificação dos aspectos exteriores. Importa observar apenas a ampliação desses aspectos, comparando-se o plano terrestre com a esfera de ação dos desencarnados.” Inimigos continuam inimigos, nós continuamos com a nossa bagagem de imperfeições e apenas apeamos do trem, para se preparar para um novo estágio de nossa existência. Como toda transição, é complicada...Após a morte, na outra vida, nos encontraremos com nós mesmos, pois “(...) se queres conhecer o lugar que te espera, depois da morte, examina o que fazes contigo mesmo nas horas livres.”, nas palavras também de Emmanuel, na obra “Justiça Divina”. Assim, um preparo para a boa morte não implica em negar esse fenômeno, ou ainda, colocá-lo no centro de nossas preocupações. Faz-se mister enxergá-lo como uma ocorrência inexorável da vida, uma transição de planos que já enfrentamos outras vezes e que está subordinado, estritamente, a nossa conduta terrena, na construção da reforma íntima e na superação das diferenças de nosso passado reencarnatório. Vivamos a nossa vida, com trabalho e alegria, amando e sendo amados, sem esquecer que um dia retornaremos a pátria espiritual, que longe de ser um céu ou um inferno, é uma nova etapa de existência, na vida que continua. Teremos a nossa transição, encontraremos os que nos precederam, e teremos uma boa morte, sorridentes, se tivemos uma boa vida, fazendo o nosso próximo sorrir.

O bebê que está mudando o debate sobre o aborto

O bebê que está mudando o debate sobre o aborto

Abortado espontaneamente com apenas 19 semanas de vida, Walter sobreviveu pouco tempo fora do útero. O suficiente para gerar comoção e marcar vidas.

"Amontoado de células"; "Tecido"; "Apenas um feto". Essas são expressões comuns usadas pelas pessoas favoráveis ao aborto para descrever o nascituro, a fim de diminuir a humanidade dessas novas vidas. Porém, o modo como as pessoas rotulam os nascituros não é o que os define, e isso está comprovado pela vida de uma pequena criança. No verão de 2013, Walter Joshua Fretz nasceu com apenas 19 semanas de gestação. Ele viveu por poucos momentos, mas sua vida tem tido um impacto duradouro.
Os pais de Walter, Lexi e Joshua Fretz, mãe e pai de duas meninas (que acolheram sua terceira filha, Mia, no último mês de Setembro), aguardavam ansiosamente a chegada do seu novo bebê, quando, de acordo com o blog de Lexi, ela começou a ter sangramentos. Isso não era algo incomum para ela durante a gestação, mas, quando o sangramento se tornou rosa, ela ficou mais preocupada e ligou para sua parteira, que a aconselhou a ir para uma Unidade de Emergência ( Emergency Room, em inglês).
Na sala de emergência, várias gestantes chegaram depois dela e foram levadas diretamente para a enfermaria. Mas, uma vez que Lexi ainda não tinha completado 20 semanas – ela estava com 19 semanas e 6 dias – as normas do hospital requeriam que ela permanecesse na emergência. Cerca de uma hora depois, Lexi foi capaz de ouvir as batidas do coração de seu bebê e se sentiu aliviada, mas, enquanto aguardava um ultrassom, começou a sentir as familiares dores de parto. Quase cinco horas depois de chegar ao hospital, Lexi deu à luz seu filho, Walter Joshua Fretz. Ela escreve:
Eu estava chorando bastante naquele momento, mas ele era perfeito. Ele estava completamente formado e tudo estava no lugar; eu podia ver o seu coração batendo em seu pequenino peito. Joshua e eu o seguramos e choramos por ele e olhamos para o nosso filho perfeito e pequenino.
A próxima decisão de Joshua parecia natural e insignificante, mas acabaria se tornando um divisor de águas e até mesmo um salva-vidas para muitas pessoas. Ele foi para o carro pegar a câmera de Lexi para tirar fotos de seu filho. A princípio, isso não era o que Lexi queria, mas as fotos de Walter logo se espalharam por toda a Internet. As fotos alcançaram mães enlutadas e ajudaram-nas na perda de seus próprios bebês, e foram usadas para ajudar mulheres a escolher a vida para seus filhos não nascidos.


Lexi recebeu muitas mensagens positivas e compartilhou algumas, incluindo as seguintes:
Acabo de encontrar as imagens de Walter... Eu estou grávida e em uma situação bem ruim esta semana. Fiz meu primeiro ultrassom na semana passada e ele é um menino também. Mas, esta semana, comecei a rezar por um aborto espontâneo ou para decidir acabar [com a gravidez], já que o seu pai está fugindo de toda a responsabilidade. Eu pedi a Deus para me dar um sinal hoje de que ficaríamos bem, ou eu iria em frente e procuraria um aborto amanhã. Algumas horas depois, eu vi o link no Facebook. Fez-me ir às lágrimas. Mas, o mais importante, me fez entender, sem nenhuma dúvida, que eu não posso fazer isso a ele.
Eu costumava acreditar que havia razões para justificar alguns abortos. (...) Mas, agora, olhar Walter ali, deitado no seu peito, me traz vergonha por minhas opiniões passadas e desgosto por cada mulher que decide abortar sem entender o valor da vida que traz dentro de si.
Eu sempre pensei que era uma escolha da mulher interromper uma gravidez! Novamente, falta de entendimento, pensar, ou melhor, ser levada a pensar que, nesse estágio, uma mulher poderia abortar um feto (um aglomerado de células!) Quão errada eu estava!!! Estou feliz porque você escolheu compartilhar sua história e as belas fotos desse momento tão triste da sua vida! Foi uma lição para mim!
Estou grávida há 8 semanas e por 3 delas eu fiquei em profunda agonia, sem saber se mantinha ou abortava o bebê (não estou numa boa situação para ter crianças no momento), mas você pôs a minha vida em perpectiva. Eu posso amar este bebê e "me virar" e isso basta para mim agora. Eu vou manter essa criança que estou carregando e guardá-la para a eternidade.

Essas fotos de Walter revelam a humanidade da criança não nascida. Elas provam, sem sombra de dúvidas, que se trata de uma pessoa, e não de uma partícula ou de um monte de tecido. O que levanta a questão: Por que é legalmente permitido acabar com a vida de um ser humano não nascido?
"Só porque a criança na barriga da mãe não pode ser vista por nós, isso não significa que ela seja um pouco de células", escreve Lexi. "Walter estava perfeitamente formado e era muito ativo no útero. Se ele tivesse apenas mais algumas semanas, teria tido uma chance de lutar na vida. (...) Em meio a toda a nossa dor, fico feliz porque algo de bom pode sair disso. Rezo para que o Senhor continue usando as fotos de Walter para impactar a muitos."
 Fonte: Live Action News | Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere

segunda-feira, 13 de abril de 2015

História do Espiritismo


No século 19, um fenômeno agitou a Europa: as mesas girantes. Nos salões elegantes, após os saraus, as mesas eram alvo de curiosidade e de extensas reportagens, pois moviam-se, erguiam-se no ar e respondiam a questões mediante batidas no chão (tiptologia). O fenômeno chamou a atenção de um pesquisador sério, discípulo do célebre Johann Pestalozzi: Hippolyte Leon Denizard Rivail.
Rivail, pedagogo francês, fluente em diversos idiomas, autor de livros didáticos e adepto de rigoroso método de investigação científica não aceitou de imediato os fenômenos das mesas girantes, mas estudou-os atentamente, observou que uma força inteligente as movia e investigou a natureza dessa força, que se identificou como os “Espíritos dos homens” que haviam morrido. Rivail fez centenas de perguntas aos Espíritos, analisou as respostas, comparou-as e codificou-as, tudo submetendo ao crivo da razão, não aceitando e não divulgando nada que não passasse por esse crivo. Assim nasceu O Livro dos Espíritos. O professor Rivail imortalizou-se adotando o pseudônimo de Allan Kardec.
A Doutrina codificada por ele tem caráter científico, religioso e filosófico. Essa proposta de aliança da Ciência com a Religião está expressa em uma das máximas de Kardec, no livro “A Gênese”: “O espiritismo, marchando com o progresso, jamais será ultrapassado porque, se novas descobertas demonstrassem estar em erro sobre um certo ponto, ele se modificaria sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará”.